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Fisiologia do Sistema Reprodutivo das Éguas, Ariane Hernandes

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A Ariane Hernandes, ex-aluna da ATP e M.V. formada pela Universidade Anhembi Morumbi (2019), elaborou um artigo intitulado Fisiologia do Sistema Reprodutivo das Éguas que pode contribuir imensamente para o seu conhecimento sobre o assunto.

Confira o artigo na íntegra:

O sistema reprodutor da fêmea é uma interação entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino, nas éguas o efeito da sazonalidade estacional é bastante intenso. Através do estudo da fisiologia reprodutiva, foi possível entender este efeito e desenvolver um manejo reprodutivo e biotecnologias adequadas para o avanço da reprodução equina e consequentemente, melhorar a seleção genética desta espécie.

Para isso, é necessário um conhecimento de anatomia e fisiologia, considerando suas particularidades para assim, alcançar sucesso e ter um manejo reprodutivo eficaz (SAMPER, 2009; COSTA, 2014). O sistema reprodutor feminino é composto por ovários, ovidutos, útero, cérvix, vagina e genitália externa, sendo os órgãos internos sustentados pelo ligamento largo.  Este ligamento é subdividido de acordo com a estrutura em que está ligado nomeando-se mesovário na parte que ancora os ovários, mesossalpinge quando mantém os ovidutos e mesométrio ao sustentar o útero (HAFEZ, 2004).  A inervação dos ovários é realizada através de nervos autônomos enquanto a vagina, vulva e clitóris são supridos por fibras simpáticas e parassimpáticas do nervo pudendo (FEITOSA, 2014).

De forma resumida, os ovários produzem tanto hormônios quanto gametas, as tubas uterinas captam os oócitos e os transportam até o útero onde o óvulo fecundado permanece. A vagina é o órgão copulatório assim como o vestíbulo, além disto a vagina possui também função de excreção de urina (KONIG & LIEBICH, 2016). A espécie equina foi considerada, por muito tempo, a de menor fertilidade dentre as espécies domésticas (VOSS, 1984), sendo isto atribuído às características de seleção genética e problemas de manejo reprodutivo (CAMOZZATO, 2010).

Os órgãos do sistema reprodutor são, em parte, funcionalmente dependentes de interações entre hormônios, principalmente neuroendócrinos produzidos pelo hipotálamo e hipófise, e receptores hormonais (BLANCHARD et al., 2003; SAMPER, 2009). A reprodução é controlada por dois sistemas: o endócrino e o sistema nervoso central formando o eixo hipotálamo-hipofisário que controlam as funções gonadais. Além disso, foi descoberto que fatores de crescimento ou mensageiros químicos e sistemas parácrinos e autócrinos a nível gonadal também regulam a atividade reprodutiva (HAFEZ, 2004; COSTA, 2014).

Um hormônio, por definição de Hafez (2004), é uma substância química fisiológica, orgânica, sintetizada e secretada por uma glândula endócrina sem ducto e transportada via corrente sanguínea, com função de inibir, estimular ou regular a atividade funcional de seus órgãos ou tecidos-alvo. Ainda de acordo com Hafez (2004), diferentemente dos hormônios, os fatores de crescimento são produzidos e secretados por células de diferentes tecidos para se difundirem entre as células-alvo.

As éguas são consideradas monovulatórias poliéstricas estacionais. A ciclicidade reprodutiva é decorrente da maior incidência de luz sobre o sistema nervoso central (SNC), que ao identificar esse aumento nas horas de luz diárias estimulam o eixo. Conclui-se que as éguas apresentam máxima atividade reprodutiva durante primavera e verão, atividade esta que é reduzida nos meses de inverno e é conhecida como anestro sazonal (ALVES, 2011; COSTA, 2014).

O ciclo estral é definido como o intervalo entre duas ovulações. Este período possui duas fases distintas, nas quais ocorrem eventos estruturais e hormonais e são elas o estro ou fase folicular e diestro ou fase luteal. A duração média do ciclo estral varia de 19 a 22 dias, perdurando 14 a 15 dias a fase luteal e 5 a 7 dias a fase folicular, podendo esta variar de 2 a 12 dias (ANDRADE, 1986; MCKINNON & VOSS, 1993; MACHADO, 2004).

A fase de diestro ou luteal é caracterizada pela supressão do comportamento de estro apresentado pela fêmea, acontecimento este que está associado com o desenvolvimento do corpo lúteo e à crescente liberação de progesterona. A égua em diestro se comportará de forma agressiva, guinchando e escoiceando na direção do macho e com as orelhas para trás (PINEDA & DOOLEY, 2003; MACHADO, 2004; CROWELL-DAVIS, 2007; VANDERWALL et al., 2007; RICKETTS, 2008a; COSTA, 2014).

Durante a época de menor quantidade de luz diária, ou seja, o inverno até o início da primavera, a generalidade das éguas estão em anestro. Neste período, os ovários se encontram pequenos, com cerca de 3mm, o útero apresenta flacidez e  parede fina, difícil de ser palpado, assim como a cérvix, que apresenta atonicidade, podendo revelar o lúmen uterino e sua coloração, como a da vagina, é pálida (ROSE & HODGSON, 1993; RICKETTS, 2008a; COSTA, 2014).

Para o avanço da reprodução equina, o conhecimento básico sobre a anatomia e a fisiologia da espécie, dominando suas particularidades é essencial. Sua importância se torna relevante, pois entende-se que as informações devem ser associadas para total compreensão e a partir daí, desenvolvimento das biotécnicas que auxiliam para a evolução da espécie equina.

Ariane Hernandes, ex-aluna ATP
Médica veterinária, formada
pela Universidade Anhembi Morumbi em 2019.

https://www.instagram.com/arihernandes/

Referências

GINTHER, O.J. Reproductive biology of the mare: basic and applied aspects. 5.ed. Ann Arbor : McNaugthon and Gunn, 1979. 

HAFEZ, E.S.E., HAFEZ, B. Functional anatomy of reproduction. In: HAFEZ, E.S.E. Reproduction in farm animals.7. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 2000..

KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos Animais Domésticos-: Texto e Atlas Colorido. Artmed Editora, 2016.

McKINNON, A.O., VOSS, J.L. Equine Reproduction. USA: Williams & Wilkins, 1993. 1137p.

MIES FILHO, A. Reprodução dos animais e inseminação artificial. 5 ed. Porto Alegre: Sulina v.1, 1982.

MOREL, M.D. Equine Artificial Insemination.. Cabi Publishing.. Welsh Institute of Rural Studies, University of Wales, UK. ISBN 0-85199-315-X, Cap.4 pp.78-150, 1999.

NAVES, Christiana Savastano et al. Desenvolvimento morfológico dos ovários em fetos eqüinos sem raça definida. Ciência Rural, v. 38, n. 2, p. 412-422, 2008.

PINEDA, M., & DOOLEY, M. (2003). Veterinary endocrinology and reproduction (5ª ed.). Ames, Iowa: Iowa State Press.

ROMANO, Marco Aurélio et al. Biologia reprodutiva de éguas: estudo do ciclo estral e momento de ovulação. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 35, n. 1, p. 25-28, 1998. 

 

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